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“Acrílico sobre papel” 2001

Fevereiro – Abril 2001

Cristina Valadas 5ª Exposição Galeria dos Paços do Concelho

Cristina Valadas obteve o “Premio Maluda de Pintura” de 2000

Cristina Valadas obteve o “Premio Maluda de Pintura” de 2000, no segundo ano em que ele foi atribuído, e isso (considerando sempre o júri) tem uma importância certa – para a premiada, para o prémio e para a pintura portuguesa.

Para Cristina Valadas, pelo valor da sua obra, jovem ainda, conforme a regra do prémio destinado a artista de menos de 40 anos; para o prémio, porque pela segunda vez achou justificação da sua utilidade; e para a pintura, por demonstrar que ela existe.

Ser pintura é a outra regra do “Premio Maluda”, que esta pintora “out sider” desejou instituir ao falecer inesperadamente em 1999, por generosidade e crença na arte que praticou quase quarenta anos, numa carreira muito pessoal e independente.

Ser pintura, como a pintura de quadro há oito anos se faz no Ocidente – e continua naturalmente a fazer-se, a par de outras artes plásticas, antigas, como a escultura, ou mais novas, que o consumo solicita, ordena e facilita, como as “instalações” inventadas ou reinventadas – sem poder haver entre elas impedimento ou exclusão. É tudo uma questão de perspetiva cultural que nem sempre assiste aos artistas ou aos críticos mais recentes, uns e outros por inocente (ou nocente) atração de modas – quando na história (de arte também) é sempre questão de modos. Ou de estruturas que a atravessam, persistem e se recriam…

Cristina Valadas é pintora e é jovem, e aceitou este prémio que como pintora a situa numa longa linha de desenho e cor, matisseana, por referência mais perto, e que cruza também uma antiga fase da pintura de Angelo de Sousa, que foi seu professor. Pintura como pintura, assim praticada, num jogo alegre de formas dançando num fundo “à plat” que seria neutro se não se tratasse, com ele, de acordos pictóricos fundamentais. Aquém dos seus sinais graficamente esquematizados, são os fundos em questão que definem a estruturalmente os quadros, dando-lhes as razões (de pintura) que provocam o desenho colorido (isto é, feito em cor) das composições. A cor, em que este próprio desenho se inscreve, tem assim um papel ativo cujo acerto põe à prova a categoria-pintura dos quadros.

… Que tudo se passe numa clara frescura de improviso e festa, num efémero floral imaginário, é a outra razão que passa da pintura à pintora. Ou à Primavera, que foi motivo da sua última exposição em Lisboa, e que lhe valeu o “Prémio Maluda” de 2000.

José-Augusto França (15 de novembro de 2000)

 

 

 

(…) Abrimos as portas deste universo e é uma alegria e um deslumbramento o que vemos e o que a sua pintura nos oferece. Sobre fundos claros explodem riscos que são risos, raios de sóis azuis, vermelhos, verdes, centelhas coloridas, joias, flores, fragmentos do êxtase e da celebração da vida. O mundo amanhece sempre com a juvenil alegria da pintura. Um modo de evasão esta felicidade que nos devolve a juventude do mundo, mas uma evasão que é ao mesmo tempo uma viagem ao centro de nós mesmo e do espaço como lugar de surpresa de revelação. Miró e Klee vêm-nos à lembrança no élan desta energia e deste encanto de uma escrita poética de sinais plásticos. Contornos de figuras imaginadas, puros sinais do espaço e figuras sugerindo o humano, máscaras oscilantes, graffiti de criança, sem perspetiva, numa afirmação simples do prazer, sinais numa cartografia dos milagres possíveis. As histórias de fadas transportam em si a crença na felicidade, como esta pintura onde está igualmente presente o olhar cúmplice das personagens da fábula, o seu humor naif, um modo de disfarçar em fantasia um certo vazio, uma certa solidão. A melancolia dos roxos e dos lilases é a ressonância musical criando uma profundidade para as formas que flutuam, para os frutos que amadurecem nesta pintura. Uma zoologia imaginária e crianças que nascem à medida que a artista vai desfiando o novelo das suas linhas. Pequenos sóis submarinos, noturnos e preciosos céus atravessados por peixes e arabescos, pedrarias e flores, nada disto existe a não ser no espírito, mas este é o reino da arte, este é o único reino que verdadeiramente existe.

(…) Presenças da vida pousando no instante, espirais da alegria consentindo que liga a vida ao seu começo. Elogio do início, canto e hino a uma Primavera que é pura imagem da alegria. Das sombras e da luz, enoveladas, cresce a presença, crescem as figuras da evidência e do deslumbramento. O sonho é aqui um estado de suprema consciência, uma atenção vigilante que nos oferece os tesouros do visível, desenhando os circuitos das deambulações do olhar dentro da magia do visível e desprendendo-se do seu casulo em voos de um excessivo fulgor.

A plenitude é uma presença e também uma promessa. As formas da arte, os jardins do olhar são tão inesgotáveis como as formas do universo, da primavera do universo. O elogio à Primavera na pintura de Cristina Valadas não corresponde apenas à plena afirmação do talento de uma jovem artista, à maturidade da sua linguagem: representa a conquista da frescura inicial, uma inocência que é o legado intemporal da arte, dos primitivos aos modernos.

Maria João Fernandes (2000)

 

 

CATÁLOGO

BEHIND THE RAINBOW

 

4 – Obras sem título, (2001) 195x156, Acrílico sobre tela.

1 – Obra sem título, (1999) 160x110, Acrílico sobre tela.

6 – Obras sem título, (2001) 160x35, Acrílico sobre tela.

4 – Obras sem título, (2001) 100x40, Acrílico sobre tela.

8 – Obras sem título, (2001) 100x70, Acrílico sobre tela.

 

O artista e a obra

 

Cristina Valadas nasceu na cidade do Porto em 1965, tendo-se licenciado em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em 1992, e ali concluído, dois anos mais tarde, um curso de pós-graduação em “design” têxtil.

Desde 1988 participa em exposições colectivas, nomeadamente na 3ª Bienal de Arte da Associação Industrial Portuense (Santa Maria da Feira), IX Salão da Primavera do Casino do Estoril, (Estoril, onde obteve uma menção honrosa), X Bienal Internacional de Arte de Vila Nova da Cerveira (em que representou a Cooperativa Árvore, do Porto), Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (Museu de Amarante), Feira de Arte Contemporânea de Lisboa (stand António Prates), todas no ano de 1999. Em 2000 participou na ARCO – Feira Internacional de Madrid (stand Fernando Santos), no Prémio Baviera de Pintura (Casa de Serralves, Porto, ali obtendo uma menção honrosa), no XXXIV Prix International d´Art Contemporain de Monte-Carlo (integrando a representação portuguesa), na Marca Madeira (Funchal, stand Fernando Santos).

Realiza exposições individuais desde 1989 (Café Português-Suave, Porto), em 1990 (DMI, Porto), 1992 (“Híbridos”, Galeria EG & ASSOCIADOS, Porto), 1994 (“Ser ou não Seres”, Galeria Artésis, V. N. Gaia); “Histórias curtas”, Fundação da Juventude, Porto; “Dois olhos dois mundos”, Galeria da Livraria Portuguesa, Porto), 1995 (“Diálogos diários”, Centro Cultural do Alto Minho, Viana do Castelo), 1996 (“Sonhos e Fábulas”, Galeria Degrau, Porto), 1997 (“Meeting Point”, Galeria Árvore, Porto e Museu Amadeo de Souza-Cardoso, Amarante), 1999 (“Sopros”, Galeria OM, Penafiel; “Circuitos”, Galeria António Prates, Lisboa, 2000 (“In and Out”, Galeria Fernando Santos, Porto) e Casa da Cultura de Cantanhede; “Primavera”, Galeria S. Bento, Lisboa.

Sobre Cristina Valadas escreveram, em apresentações de catálogos, Fernando Pernes, José Luís Porfírio, Maria João Fernandes, os poetas Manuel Alegre e Mário so.

Prémio Maluda de Pintura, Lisboa, 2000.

 

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