Com o objetivo de melhorar os nossos serviços e a experiência de navegação, informamos que utilizamos cookies.
Aceitar
Recusar
Almada Negreiros
A Porta da Harmonia, 1957
Pintura a preto e branco, 60x60 cm
Colecção CAM - JAP / FCG
Joaquim Rodrigo
Vermelho x Azul Nº 6, 1958,
Têmpera sobre tela - 64,5 x 92,5 cm
Museu Muncipal de Tomar - colecção J.A. - França
© Gonçalo Figueiredo
Nadir Afonso
Espacilimité , 1957,
Óleo sobre tela - 68,5 x 121 cm
MNAC - Museu do Chiado
© Arnaldo Soares - DGPC/ADF
Fernando Lanhas
C8 - 56, 1956,
Colagem papel veludo s/cartão - 73 x 68,5 cm
MNAC - Museu do Chiado
© José Pessoa - DGPC/ADF
SOBRE A HISTÓRIA DA PINTURA ABSTRACTA EM PORTUGAL
Em 3 de Abril de 1954, a “Galeria de Março”, única então existente no país, inaugurou em Lisboa a sua 28ª exposição quinzenal: o I Salão de Arte Abstracta que em Portugal se realizava e único ficou. (“Apresenta-se aqui como coisa nunca vista o que é espectáculo corrente na Europa”). O Salão reuniu 8 pintores (René Bértholo, Artur Bual, Manuel Gargaleiro, Paulo Guilherme, Fernando Lanhas, Jorge de Oliveira, Joaquim Rodrigo e Vespeira, com o total de 22 peças) e dois escultores (Margarida de Ávila e Jorge Vieira, com o total de 4 peças), num catálogo para o qual Vespeira produziu uma composição original (ver parede da exposição). Duas sessões de debate foram então realizadas no Institut Français, moderadas por J. A. França, organizador do Salão e director da galeria. Uma exposição bibliográfica acompanhou a exposição que teve bastante sucesso polémico e marca uma data de referência na História da Arte Moderna em Portugal. No âmbito desta, verificava-se então, entre os anos 30 e 50, três espécies de oposição, vinda uma do gosto “modernista” do SNI (com António Ferro), outra do Neo-realismo (com Júlio Pomar) e outra do Surrealismo (com António Pedro).
Em Fevereiro de 1953, a Galeria de Março realizara uma exposição (Nº11), de guaches e estampas de Edgar Pillet, co-director do “Atelier d’Art Abstrait” de Paris, publicando então, o seu Folheto Nº.1, um Quadro Genealógico da Arte Abstracta (ver parede da exposição). Na mesma linha estética a Galeria realizou exposições individuais de Fernando Lanhas (25ª, Fevereiro de 1953, a primeira do pintor em Lisboa), de Jorge de Oliveira (18ª, Maio de 1953, prefácio de João Gaspar Simões), de Fernando Lemos (29ª, Abril de 1954) e de Menez (31ª, e última, prefácio de Sofia de Melo Breyner, estreia da artista).
Em Dezembro de 1957, Almada Negreiros apresentou na I Exposição da Fundação Gulbenkian (na SNBA) quatro composições abstracto-geométricas, a preto e branco (que foram consideradas “hors concours”), despertando grande interesse polémico, e diante das quais realizou uma conferência. Em Março de 1958, na Associação Académica da Faculdade de Ciências de Lisboa, organizou uma Exposição retrospectiva da pintura não-figurativa em Portugal Rui Mário Gonçalves, que ali iniciou uma longa carreira de crítico de arte. Prefaciou a exposição J. A. França que, com Fernando Guedes, realizaram palestras no local.
Em 1960, J. A. França publicou na “Colecção de Arte Contemporânea” (ed. Artis, Lisboa) o álbum Pintura Portuguesa Abstracta em 1960, com tradução francesa, reproduzindo obras de 26 pintores, com o que fez o ponto da situação desta(s) corrente(s) na arte portuguesa, na entrada da segunda metade do século XX.
Dois anos depois (1962, Lisboa), Fernando Guedes publicou no seu volume de escritos, Pintura, Pintores, etc. uma “Tábua cronológica da Pintura Abstracta em Portugal”, que traz necessárias precisões.
Em 1913 assinalaram-se duas pinturas abstractas de Amadeo de Souza-Cardoso, realizadas em Paris e só expostas em Lisboa em 1958, no SNI, e sem continuidade na obra do pintor. Em 1932, Júlio (dos Reis Pereira) fez experiências de pintura abstracta expressionista, também sem continuidade na sua obra. Em 1935, publicado em 15 Poèmes au hasard mas só exposto em 1979 em Lisboa, António Pedro realizou um conjunto de pinturas geométricas a preto e branco (guache): “Poème Dimensionnel”. Em 1935 também, Maria Helena Vieira da Silva teve, na “Galeria UP”, em Lisboa, “a primeira exposição de pintura abstracta que se faz em Portugal desde o tempo de Amadeo de Souza-Cardoso”, conforme a apresentação de António Pedro, director da galeria; e no ano seguinte João Gaspar Simões realizou, no atelier lisboeta da pintura uma conferência pioneira em Portugal, sobre arte abstracta.
Entre 1944 e 1950, os pintores Fernando Lanhas, Nadir Afonso, Artur Fonseca, Garizo do Carmo e o escultor Arlindo Rocha, mostraram obras abstractas em exposições colectivas “Independentes”, no Porto, em Lisboa e na província, tal como Cândido Costa Pinto e Jorge de Oliveira, individualmente, ou, na Exposição do Grupo Surrealista da Lisboa, em Janeiro de 1949, António Dacosta, Fernando de Azevedo e Moniz Pereira, pinturas de carácter não-figurativo – que F. Azevedo, Fernando Lemos e Vespeira mais consequentemente apresentaram na sua exposição comum de Janeiro de 1952 na “Casa Jalco”, em Lisboa, também em relação surrealista.
Na promoção seguinte, desde anos 50-60, em Manuel d’Assumpção, Artur Bual, Manuel Baptista, Jorge Martins ou António Sena, tal como no grupo emigrado “K W Y” (Lurdes Castro, J. Escada) ou no grupo portuense “Os 4 Vintes” (Ângelo de Sousa, J. Pinheiro), observaram-se práticas de abstraccionismo de carácter expressionista.
O primeiro pintor abstracto-expressionista na 2ª metade do século XX terá sido o surrealista J. Moniz Pereira, numa pintura de 1948 (Museu de Tomar) e o mais pertinente Vasco Costa, desde 1959 até falecer em 1986, trabalhando sempre em Paris. Na linha da abstracção geométrica, sempre menos praticada, e iniciada por Fernando Lanhas em 1943-45 (e praticada sempre até ao seu falecimento em 2012), este pintor e Nadir Afonso (seu colega no curso de arquitectura do Porto), desde 1955 até falecer em 2013, e Joaquim Rodrigo (entre 1952 e 1960) e ainda Eduardo Nery numa prática “op”, entre 1965 e até falecer em 2012 – ver parede exterior de azulejos do NAC) foram os seus mais significativos representantes. Numa linha de sensibilidade “impressionista” importa ainda registar, sobretudo, a pintura de Menez, entre 1954 e 1972.
Representados no “Núcleo de Arte Contemporânea” do Museu de Tomar, os pintores autores de obras de um modo ou de outro abstractas, Nadir Afonso, Fernando de Azevedo, Manuel Baptista, Gracinda Candeias, Romy Castro, Vasco Costa, Eurico Gonçalves, Fernando Lanhas, Fernando Lemos, Fala Mariam, Eduardo Nery, Cristina Valadas, e o escultor José Aurélio, foram sucessivamente apresentados, desde 2000, nas exposições individuais na Galeria do Museu.
J.A.França
CATÁLOGO
Fernando Lanhas - 019 -54, 1954, Óleo sobre tela - 54 x 45 cm
Joaquim Rodrigo - 61 - C7, 1953, Óleo sobre tela - 73 x 92cm
Joaquim Rodrigo - 65 - C10, 1954, Óleo sobre tela - 50 x 62 cm
(Quadros presentes na expoisção Arte Abstracta, 1954)
Nadir Afonso - Espacilimité , 1957, Óleo sobre tela - 68,5 x 121 cm
Almada Negreiros, reprodução da obra “A Porta da Harmonia”, 1957, Pintura a preto e branco 60 x 60 cm
Vasco Costa - Pintura - Pintura, 1972, Acrílico sobre tela - 153 x 142,5 cm
Fernando Lanhas - C8 - 56, 1956, Colagem de papel de veludo sobre cartão - 73 x 68,5 cm
António Pedro - (Poème Dimensionnel), Abstraction Géométriques, 1935, Guache e lápis sobre cartolina e cartão - 24,5 x 17,5 cm
Edgar Pillet - Sem Título, 1952, Serigrafias - 44,5 x 36 cm
Joaquim Rodrigo - Vermelho x Azul Nº 6, 1958, Têmpera sobre tela - 64,5 x 92,5 cm
A Câmara Municipal de Tomar agradece ao Museu do Chiado, ao CAM - Fundação Calouste Gulbenkian, aos coleccionadores Pintora Maria Gabriel e Dr. Fernando Guedes e a colaboração do curso de Conservação e Restauro - Laboratório de Doc. Gráficos do Instituto Politécnico de Tomar.
Gosto (0)