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Imagem da Capa: Lápide, Kyoto – Japão, 2010
José de Guimarães trabalhou e trabalha, expôs e expõe no Extremo Oriente do Japão e da China, como o faz no Extremo Ocidente do México, lés a lés do Mundo, com muita Europa pelo meio e a presença de África onde a sua aventura criativa começou a fundo, com primeiros quadros que o Fernando de Azevedo e eu acolhemos e confirmámos em Lisboa, em 1973. Com o gosto maior de descobrirmos um pintor inédito que procurava e achava renovantes raízes. Pelos anos fora, desde então, fui sabendo dele, no atelier de Lisboa (velha oficina a S. Tiago que por acaso conheci em rapazinho) e de Paris, que era da Céres Franco que lhe apresentei. E na Flandres do Rubens que lhe receitei para uma magna exposição na Gulbenkian em 1979; e do Marcel van Jole que foi o seu primeiro elo internacional, graças à AICA em Lisboa, ou da escultura exposta em Bruxelas que fiz ser prenda oficial à Europa institucionalizada. E mais e mais, de lembranças, encontros, prefácios, prémios, ou até de uma difícil apresentação, em Guimarães, das suas pinturas camoneanas e heterodoxos...
Em Guimarães, onde conto ir ver o museu que lá está a ser construído, como pedra nacional de toque necessário para a Capital Europeia da Cultura. Porque lá haverá a pintura e a escultura do artista e mais as artes do mundo primevo que tem colecionado como ninguém em Portugal. Que tudo em artes plásticas José de Guimarães tem feito no país, num voluntário, arredado e certo isolamento — sendo ele o artista realmente internacional que Portugal tem, entre os séculos XX e XXI, em que aos setenta anos já chega, num percurso ímpar e particularmente intenso, de profissional.
E, agora, estas fotografias de uma viagem feita a estas terras que tão bem conhece, desde que os primeiros “nambans” nacionais lá aportaram. Deles alguma coisa eu sei, que a Táquio fui explicar o que fizeram, num congresso de História da Arte, à beira dos biombos que lhes imortalizaram as achegas.
A ponto de corrigir, no museu de Kobe, a iconografia de um, tendo-me apropriado, em outro, da imagem extraordinária de uma Lisboa seiscentista por gravura lá chegada. E a ponto de trazer a lembrança deliciada de um museu de coisa nenhuma, ou quase, em Nijo, entre paredes abertas sobre um jardim perfeito, de pedras feito. Ou, pior, a lembrança envergonhada de comportamentos incertos e aflitos de confrades meus, em transes de uma cerimónia de chá, de elegância outra...
José de Guimarães viu o que sabe e repete, com a máquina fotográfica simplesmente focada para um quotidiano de coisas e de gentes (que não é de descrever por não valer a pena e se bastam), lembrando-se bem que signos ele próprio lhes ofereceu, em 2000, plasticamente originais, no projeto de Kushiro, centenas deles, na ilha de Hokaido... Namban, namban, quem o tem, chama-lhe seu!
José-Augusto França
Foi com o maior prazer que realizei, em Novembro de 2010, a convite do Centro Nacional de Cultura uma viagem ao Japão, enquadrada num tema bem específico, “Os portugueses ao encontro da sua história”.
A minha relação com o japão data dos anos 80 do século passado, onde por razões profissionais, desde essa data, me tem obrigado a frequentes estadias, que cobrem hoje, geograficamente, a maior parte do território. Tokyo, Kyoto, Miyagi, Akita, Tsumari, Nishinomia, Kushiro, O’Haru, Naoshima, Takamatsu, etc, são alguns dos locais onde são visíveis obras públicas de minha autoria, obedecendo aos mais variados desejos e com diferentes finalidades. Porém, quando em Novembro de 2010 me desloquei ao Japão, havia uma outra intenção, a de documentar, enquanto artista, uma viagem que nos levaria a recônditos sítios que os portugueses conheceram, desde 1570.
Eis assim, porque surge esta exposição de fotografia de costumes, de pessoas e de lugares, que fazer parte da nossa história e que o Prof. José-Augusto França, sempre atento, viu no Museu do Oriente, em Lisboa, e decidiu trazê-la até Tomar.
José de Guimarães
Há, mais de 20 anos que o Centro Nacional de Cultura organiza o ciclo de viagens “Os portugueses ao encontro da sua história”, que procura ir ao encontro dos vestígios deixados pelos portugueses dos séculos XVII e XVIII pelo mundo fora, realizando na atualidade novas formas de relacionamento com base nessa história comum. Trata-se de descobrir múltiplas dimensões da herança cultural portuguesa que se perpetuam em países tão diferentes como os que esta exposição ilustra.
Estas viagens, que são verdadeiras embaixadas culturais, dão origem a novos laços e projetos e são registadas nos Diários de Viagem, sempre da autoria de um artista plástico e de um escritor. Nesta exposição que agora o Museu do Oriente acolhe, reúnem-se pela primeira vez as ilustrações de quatro grandes artistas portugueses de gerações diferentes, resultado de algumas destas viagens do Centro Nacional de Cultura ao Oriente.
José de Guimarães, como Graça Morais, João Queiroz e Bárbaro Assis Pacheco acompanharam as embaixadas Culturais do Centro Nacional de Cultura ao Japão, Indonésia e India. Os seus relatos de viagem são a demonstração nítida de que urna crónica gráfica de viagem permite irmos adiante do que se espera, uma vez que, além da narrativa das peregrinações, temos a descrição visual do que se sente num cenário diferente daquele que vivemos o dia a dia. João Queiroz tratou da Indonésia, Bárbaro Assis Pacheco foi a Goa e Cochim e Japão foi reservado a Graça Morais e a José de Guimarães cicerone de excepção para encontrarmos o Japão moderno. A empatia que tem com o império do Sol Nascente é por demais evidente, e a verdade é que o seu relato permite-nos tomar contacto com esse diálogo artístico e cultural, que se apresenta de forma inesperada e viva, através da cor e das formas. Afinal, o artista procura pôr-se dos dois lados em presença, fazendo do diálogo um método vivo. São as suas fotografias que aqui se expõem.
Dele é um dos quatro mundos presentes que nos levam ao coração das relações dos portugueses com o Oriente - e aqui o coração é o epicentro, mas também é o lugar dos sentimentos e dos afetos, não vistos superficialmente, mas encarados numa encruzilhada fantástica de lugares ao encontro dos quais os portugueses a aventurar-se e a peregrinar...
Centro Nacional de Cultura
O artista e a obra
José de Guimarães
(José Maria Fernandes Marques) nasceu em Guimarães em 1939, cursou a Academia Militar (oficial da Arma de Transmissões) e o Instituto Superior Técnico (engenheiro civil), frequentou cursos de gravura em Lisboa e em Paris (S. W. Hayter).
Em Angola, em comissão de serviço militar (1967-74), interessou-se pela arte negra e participou na vida artística local. Em 1973 realizou uma grande exposição de pintura em Lisboa (Galeria Dinastia, proposta por J. A. França) e nova exposição ali, em 1975 (apresentação de J. A. França). F. de Azevedo publicou então um estudo sobre a sua obra em “Colóquio / Artes”, e nesse ano foi convidado a realizar o cartaz do Congresso Internacional da A.I.C.A. em Lisboa (“1º de Maio”). Em 1977 realizou seis exposições na Bélgica, apresentado pelo crítico Marcel van Jole, começando então a sua obra a ter uma projeção internacional marcada por dezenas de exposições, sucessivamente em Paris (1979, 87, 91), Brasil (1981), Suíça (1982) Milão (1983, 86), Madrid (1983), Bruxelas (1984), Barcelona (1984, 97), Basileia e Antuérpia (1985), Zurique (1987), Estugarda, Veneza e Los Angeles (1988), Tóquio (1989, 90, 91), Estocolmo, Salzburgo e Chicago (1990), Pequim, Hong-Kong e Macau (1994), México (1997), etc… Teve exposições retrospetivas em Lisboa (Fundação Gulbenkian e Palácio das Galveias) e no Porto (Fundação Serralves) em 1992, e tem apresentado numerosas exposições de pintura, desenho, escultura, instalações, gravura, “relicários”, em Lisboa, Porto, Guimarães, Sintra, Almancil (Algarve).
Está representado em numerosos museus nacionais (Chiado, Gulbenkian, Serralves, Biblioteca Nacional, etc.) e do estrangeiro (Paris, Bélgica, Alemanha, Suíça, Espanha, Holanda, EUA., Canadá, Brasil, México, Argentina, Japão, Parlamento Europeu, etc.). Recebeu vários prémios em Portugal (Nacional de Artes Plásticas, AICA-MC, 1992, etc.) e no estrangeiro. Instalou atelier em Paris em 1995 e publicou em 1999 “Artes Perturbadora/Disturbing Art”. Uma vasta bibliografia tem sido dedicada à sua obra, em Portugal, na Bélgica, em Itália, desde 1979, assinada por nomes prestigiosos, de J. A. França, F. Azevedo, F. Pernes, Salette Tavares, Pierre Restany, Marc Le Bot, M. van Jole, R. Micha, A. Tabuchi, Gillo Dorfles, Juan Manuel Bonet, D. Giralt-Miracle, A. Bonito-Oliva, etc.. Decorou a estação de metro de Carnide, outra no México, tem intervenções plásticas no Japão (Miyagi, Kishiro, Akita). Inaugurou em 1999 a escultura da Praça 25 de Abril em Lisboa e tem outras em preparação.
Catálogo
1. Cemitério
Noca, Japão, 2010
C Print, 50x60m
2. Grande Templo
Nara, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
3. Fonte Dragão
Nara, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
4. Lápide
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 60x60cm
5. Buda
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 60x50cm
6. Buda
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 60x50cm
7. Dragão num Templo
Nora, Japão, 2010
C Print, 60x50cm
8. Grande Templo
Nara, Japão, 2010
C Print, 60x50cm
9. Escultura SAMURAI Nikko, Japão, 2010
C Print, 90x70cm
10. Lanternas no Templo Toshogu - Nikko, Japão, 2010, C Print, 60x50cm
11. Templo Toshogu (pormenor)
Nikko, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
12. Templo Toshogu
Nikko, Japão, 2010
C Print, 60x50cm
13. Templo Toshogu
Nikko, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
14. Templo Toshogu
Nikko, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
15. Templo Toshogu
Nikko, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
16. Templo Toshogu
Nikko, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
17. Templo Toshogu
Nikko, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
18. Templo Toshogu
Nikko, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
19. Pavilhão Dourado
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
20. Jardins
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 70x90cm
21. Jardins
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
22. Ajuda à Árvore
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50 x 60cm
23. Jardins
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
24. Jardins
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
25. Templo
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
26. Jardins
Kyolo, Japão, 2010
C Print, 50 x 60cm
27. Folhas num Lago
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
28. Jardins
Kyolo, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
29. Entre Kagoshima e Amakusa
Japão, 2010
C Print, 50x60cm
30. Entre Kagoshima e Amakusa
Japão, 2010
C Print, 50x60cm
31. Jardins
Kyato, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
32. Anúncio a Gelados Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
33. Casa Típica
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 60x50cm
34. Lâmpada
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 60x50cm
35. Kyoto
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
36. Fachada de um Teatro
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
37. Anúncio de um Espectáculo de Teatro
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
38. Loja
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
39. Rua de Kyoto
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
40. Interior dum Templo Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
41. Pachinco
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 70x90cm
42. Oferendas de Saké
Nikko, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
43. Retrato de Família
Nikko, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
44. Cemitério
Amakusa, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
45. Caminho dos Poetas
Kyolo, Japão, 2010
C Print. 50x60cm
46. Nogasaki
Japão, 2010
C Print, 50x60cm
47. Raparigas com Vestidos Tradicionais (Kimonos)
Kyolo, Japão, 2010
48. Recém Casados
Kyoto, Japão, 2010
C Print, 50x60cm
49. Igreja de S. Francisco Xavier - Kagoshma, Japão, C Print, 60x50cm
50. Igreja de Urakami Tenshudo - Nagasoki, Japão, 2010, C Print, 50 x 60cm
A Câmara Municipal de Tomar agradece ao artista, ao Centro Nacional de Cultura e ao poeta José Tolentino de Mendonça a colaboração amavelmente prestada.
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