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CS 4, 02/2008, Tinta da china sobre papel a5 

OUTUBRO • DEZEMBRO 2014

Jaime Silva 47ª EXPOSIÇÃO realizada na nova galeria NAC.2

A presente exposição de desenho de Jaime Silva é a segunda realizada na nova galeria NAC.2, e a quadragésima sétima temporária dedicada a artistas representados no Núcleo de Arte Contemporânea.

O ARTISTA E A OBRA

Natural de Peso da Régua, onde nasceu em 1947, Jaime Silva é licenciado pela Escola Superior de Belas Artes do Porto. Foi fundador do Grupo Puzzle em 1975, bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris em 1977 e 1978 e professor de Pintura no AR.CO de 1983 a 1987.
Professor responsável do Curso de Pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes desde 1987, foi director artístico da Galeria Municipal de Montijo de 1999 a 2011.
Fez parte do júri de várias exposições e comissariou várias outras. Já em 2014, coordenou a exposição ARTEHOJE na SNBA. Foi agraciado com a medalha de mérito atribuída pela Câmara Municipal de Peso da Régua.
Expõe individualmente desde 1976, com a sua estreia no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, tendo passado por locais como o Centro Cultural Português da Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris; a Galeria de Arte Moderna da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa; a Cooperativa Árvore, no Porto; a Galeria Diferença, em Lisboa; a Galeria K 61, em Amesterdão; a Galeria de S. Bento, em Lisboa; o Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa; ou o Museu da Faculdade de Belas-Artes, no Porto.
Entre várias dezenas de exposições colectivas que integrou, destacam-se o Salão da Jovem Pintura, em Paris (1976 e 1978); os Encontros Internacionais de Arte, em Viana do Castelo (1975), na Póvoa do Varzim (1976) e nas Caldas da Rainha (1977); a Bienal de Vila Nova de Cerveira; “Situação I – Novas Perspectivas na Pintura Portuguesa”, na Galeria Módulo, em Lisboa e Porto (1981); e no mesmo ano a representação portuguesa na Lis’81 - International
Exhibition of Drawing, em Lisboa; de novo a representação nacional na II Trienal de Desenho em Nuremberga e na V Trienal da Índia, em Nova Deli (1982); a I Exposição Nacional de Desenho, na Cooperativa Árvore, Porto (1983); “Onze Jovens Pintores Portugueses”, no Instituto Alemão, Lisboa (1984); III Exposição de Artes Plásticas, F.C. Gulbenkian, Lisboa (1986); “A Última Década” , Macau e Pequim, China (1987); “Mais Puras as Palavras da Tribo”, Galeria Teatro Romano, Lisboa (1990); “10 Junho de 1997 - Comemoração do Dia de Portugal”, Chaves; “Porto 60/70: os Artistas e a Cidade”, Museu de Serralves, Porto (Grupo Puzzle) (2001); “100 Anos / 100 Artistas”, S.N.B.A., Lisboa (2002); F.A.I.M. - Feira de Arte Independente de Madrid (2003); “50 Anos de Arte Portuguesa”, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (Grupo Puzzle) (2006); “Anos 70 – Atravessar Fronteiras”, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (Grupo Puzzle) (2009); Homenagem a Nadir Afonso, Galeria de Arte do Casino, Estoril (2010); “Grupo Puzzle” (1976-
1981), CAE, Figueira da Foz (2011); “Um Texto / Uma Obra” – Homenagem ao Pintor Fernando de Azevedo, SNBA, Lisboa (2011); “Cinco Séculos de Desenho na Colecção da Faculdade de Belas Artes do Porto”, FBAUP e Museu Nacional Soares dos Reis, Porto (2012). Está representado nas colecções da Secretaria de Estado da Cultura; Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian; Fundação de Serralves; Faculdade de Belas-Artes, Porto; Fundação Friedrich Naumann, Sintra; Fundação António Prates, Ponte de Sôr; Fundação “Armazém das Artes”, Alcobaça; Caixa Geral de Depósitos, Culturgest, Lisboa; Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa; Núcleo de Arte Contemporânea, Tomar; Colecção de Arte Contemporânea, Câmara Municipal, Lagos; Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Lisboa; Museu Abade de Baçal, Bragança; Museu Municipal, Vila Flor; Museu Municipal, Campo Maior; Museu Municipal, Estremoz; Câmara Municipal, Peso da Régua; Câmara Municipal, Almada; Câmara Municipal, Oeiras; Banco Luso-Espanhol, Madrid; Banco de Portugal, Lisboa; Banco Comercial Português, Lisboa; Crédito Predial Português, Lisboa; Instituto de Participações do Estado, Lisboa;
Companhia de Seguros Mundial Confiança, Lisboa; LTE/EDP, Lisboa e Santa Casa da Misericórdia, Braga.

Os desenhos de Jaime Silva respondem à própria condição do Desenho que estabelece o equilíbrio dinâmico entre o cheio e o vazio, isto é, o desenhado e não-desenhado. Os grandes espaços negros das folhas, nas suas composições, jogam com os grandes espaços brancos do papel, entre ambos se dispondo o traçado das linhas que assegura a articulação orgânica da folha desenhada, na sua totalidade de opostos e contradições. Que o desenho propõe, para o ser! Daí que uma exposição de desenhos de Jaime Silva (como foi a grande exposição na S.N.B.A.) em Dezembro de 2010 a Janeiro de 2011, e é agora, nos seus limites de espaço, a de Tomar, seja necessariamente feita, para alcançar o sentido “perfeito” da leitura da obra do desenhador,
de uma quantidade de folhas que se adicionam algebricamente, com seus sinais positivos e negativos. Cada um dos enquadramentos o representa, resumindo a sua qualidade plástica. Jaime Silva é (entre outros…) um desenhador consciente da verdade do desenho. Ela é não somente a probidade declarada por Ingres, nem a exactidão demonstrada por Picasso (em sua consequência estética) mas a razão de ser de todo o gesto que há milénios o homem pratica para se integrar na Natureza – sempre na relação de cheios e vazios do grande espaço que habita. Digamos que Jaime Silva é, em sua originalidade, finamente consciente disso.


José-Augusto França, 2012

 

 

(…) as suas figuras não pretendem representar situações singulares. Intersignificando-se entre o caótico visceral e o riso pelo social, diferentemente provocam-nos o reconhecimento duma condição vitalista percepcionável entre o fetal orgânico e alarme do espectral (…) surgem numa permanente decomposição e recomposição, tornando-nos cúmplices no processo desocultador dum submundo telúrico, olvidado, ferido e recalcado, mas sempre latente em cada ser (…) Daí talvez, o maior poder comunicativo da sua obra que nada tem a ver com a deformação caricatural, senão antes com o desvendar duma verdade orgânica esmagada no universo das tecnologias descarnadas (…) A pobreza dos suportes, a fragilidade das colagens, o inesperado dilacerante de rasgões, as manchas imprevistas do lápis ou das tintas justificam-se assim também, possível parte integrante do desenho ou da pintura de Jaime Silva, afirmações do anticonvencionalismo estético, por onde ressoa um anticonformismo ético, incómodo, de autenticidade
irónica ou brutalista que o desejo libertador atravessa. Fernando Pernes, “Uma Galeria (Roma e Pavia) e três exposições”, Jornal de Notícias, Porto 31.03.1981 (…) Pode, portanto, ver-se que a pintura de Jaime Silva não é uma pintura amável, se bem que nela haja um gosto de glória e de redundância rítmica (…) por vezes, rude e afirmativa, jogando quase sempre na força de grandes opostos, o verde – o vermelho, a grande curva aberta e a recta erecta. E, ainda, uma pintura frontal (…) o contrário portanto do gestualismo na horizontal pollockiano (…) Homem do norte, do Douro, este pintor conhece a vertigem do caminho entre as montanhas e o apaziguamento das planícies ordenadas e calmas (…) Caldeiam-se nele as invulgares qualidades que vão pelo máximo ao mínimo possível. Numa escala de paixão ( …) em que cada quadro seu se lê (…) em continuidade e numa sucessão de linhas ora ascendentes, ora descendentes, ora oblíquas ou curvadas e sempre se correspondendo. Se quisesse (…) esta pintura teria uma palavra para ela, que a coloca em Portugal e a atira para uma altura que Portugal precisa. Diria, então, acerca do seu autor: Jaime Silva ou um raro pintor barroco.
Fernando de Azevedo, catálogo da exposição “JAIME SILVA” Pintura 1984/85, Galeria Quadrum, Lisboa, 17.Outubro a 9.Novembro, 1985. Encontrar a verdade de um gesto que o olhar toque, espraiando-se da tela ao mundo que o rodeia, não parece ser tarefa fácil, e contudo esse gesto vem informado de um pensamento flexível e de uma mão obreira.
Cristina de Azevedo Tavares, catálogos das exposições “Pintura de Jaime Silva”, Galeria Nova, Torres Vedras, 1986 e Azares da Expressão ou a Teatralidade na Pintura Portuguesa / Algumas Obras do CAM, Galeria de Exposições Temporárias, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987 (…) a vibração óptica da textura-cor de Jaime Silva é relativizada espacialmente por formas estruturais elementares (…) o poder do centro e o dos bordos do suporte é levado em consideração, assim como a simetria e assimetria da composição (…) Jaime Silva, à medida que se aproxima da plenitude da expressão,
faz-se a ele próprio em função da pintura em acto. É uma pintura da vitalidade e da auto-revelação, primeiro; da mais autêntica comunicação intersubjectiva, depois.
Rui Mário Gonçalves, catálogo da exposição “Mais puras as palavras da Tribo”, Galeria Teatro Romano, Lisboa,
Dezembro de 1990.

 

AGRADECIMENTOS
Estou profundamente grato ao Senhor Professor Doutor José-Augusto França, pelo convite que me formulou para expor estes Cadernos de Sombras em Tomar, e que são acompanhados de um magnífico texto da sua autoria, que diz melhor do que ninguém os propósitos e o modo como estes Cadernos foram elaborados e se apresentam publicamente. O meu reconhecimento também à Câmara Municipal de Tomar, pela assunção desta iniciativa e pelo cuidadoe proficiência colocada na sua efectivação.
Sendo esta a primeira exposição individual que organizo após o falecimento do meu querido amigo Doutor Rui Mário Gonçalves, que foi um distinto colaborador do Núcleo de Arte Contemporânea de Tomar (colecção José-Augusto França), não posso deixar de aqui o homenagear, lembrando o crítico de Arte esclarecidoe competente e o amigo dos artistas, que sempre foi.
Jaime Silva

 

 

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